Medieval Legends
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Medieval Legends 2013
 
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MensagemAssunto: Campos    Campos          Icon_minitimeTer maio 21, 2013 9:15 pm

Grandes áreas campestres extendem-se para fora do alcance urbano e, em sua grande maioria, são usadas por camponeses que as modelam para produzirem uma variedade até que grande de alimentos. Costumam ser campos verdejantes intercalados por vegetações mais amareladas durante os meses mais frios, mas podem ser extremamente frios quando as temperaturas resolvem cair abaixo das médias normais, especialmente durante o inverno.

Não são zonas perigosas. A visibilidade para exploradores é grande o suficiente para que surpresas como animais carnívoros sejam evitadas com grande antecedência. E a ausência de florestas significa que tem-se possibilidades de se enxergar por pelo menos alguns vários quilômetros planícies a fora.

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Parte dos campos que englobam a Bulgária
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Ahemoa d'Akins
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Ahemoa d'Akins


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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeQui Jun 06, 2013 11:30 pm

... O dia estava quente. Os raios do Sol brilhavam fortes sobre os campos, e, a não mais que meio quilômetro fora de Pliska, d'Akins parecia cansada; o cansaço, porém, era a condição normal de quem passou grande parte do dia sem beber uma só gota d'água e sem comer praticamente uma fruta que fosse.
Arranjava um ponto meio ao gramado verdejante que crescia por ali. Se sentava sem mais esforços, porém dispunha as armas (sua espada, seu machado e escudo) sobre uma até que longa manta branca posta ao chão por Korrr.

Os ventos, frescos, pelo menos ajudavam a atenuar aquela sensação incontrolável de calor. Ela rapidamente puxava do cinto da armadura uma espécie de "cantil" com água. Bebia o quanto podia. Pegava algumas frutas para comer logo na sequência, aquelas mesmas que tinham comprado enquanto pela cidade.
Korrr fazia a mesma coisa. Aparentemente indiferente, d'Akins continuava a comer. Gostava ela do gosto propiciado por frutas. Eram alimentos nutritivos.
Dizia:


- Nie shte prekarvat vremeto si za pochivka. Nyama da khodim nikŭde bez nashite energii vŭzstanoveni.
(- Passaremos um tempo descansando. Não iremos a lugar algum sem nossas energias recuperadas.)


E era respondida por um Korrr mais ou menos tedioso:

- Ne sŭm go neobkhodima, ako konete ni sa tuk... No...
(- Não teríamos precisado disso se nossos cavalos estivessem por aqui... Mas...)


d'Akins levantava um sorriso. Ela continuava a comer, concentrada quanto às regiões próximas. Na aparição de animais selvagens perigosos, pessoas estranhas e mesmo incômodos, saberia como agir.
Era por isso que não desgrudava os olhos da espada, ou do machado, ou mesmo do próprio escudo - que podia virar uma arma letal, era claro, de uma hora para a outra.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeSex Jun 07, 2013 11:34 pm

Fora da cidade, os campos são verdes. E, por não existirem habitações concentradas, é a natureza quem decide quais serão as facilidades, quais serão os perigos, quais serão os desafios. Até parece simples, porém, graças à impossibilidade de controlá-la, d'Akins e seu marido estão à mercê do que é natural. Nenhuma regra imposta pelas pessoas. Nada disso. No entanto... Já que aparentam ser guerreiros com experiência, quaisquer ataques animais podem ser repelidos com maior facilidade (não que sejam fáceis de serem resolvidos. Isso dependeria de qual animal estaria realizando uma investida). Sem os animais pelas proximidades entretanto, já que foram espantados pela urbanização próxima e matanças ao redor para garantir maior segurança das caravanas comerciais que entram e saem de Pliska, não muito o que se preocupar. Talvez apenas com o clima em questão... Felizmente, assim como em todos os verões, ensolarado e estável.

Existem duas ou três lagoas não tão grandes a distâncias equivalentes a apenas 22, 50 e 150 metros dos dois. A maior delas parece estar localizada dentre a primeira e a segunda, mas, como é um fato, é impossível julgar profundidade ou extensão do local onde estão. Essas lagoas podem ser deduzidas pelo aumento da mata ao redor das mesmas, o que forma uma espécie de "anel" vegetal composto por árvores maiores. Normalmente, são pinheiros.

Não existem árvores grandes espalhadas pela região. Esta não é uma zona florestal: todas as florestas estão localizadas a não mais do que cinquenta quilômetros em por tudo o que é direção. É lá que residem os perigos em potencial. É lá que, caso forem passar, terão de se policiar MUITO.

As florestas podem ser enxergadas tranquilamente ao longe; graças a visibilidade enorme típica dum dia limpo sem nuvens.

Existem morros por todas as regiões ao redor deles e, sim, estão encobertos por um belo e vasto gramado composto não apenas de matagal, mas de flores coloridas. Afinal, é uma estação propícia para que elas explodam em diversidade e formas: Primavera.

Os ventos são amenos, embora mais intensos que na cidade graças à não existência de construções para brecá-los efetivamente. E o soprar dos mesmos confere sons típicos duma região coberta por vegetação baixa para média: os sons daquele capim todo sendo soprado para quase todos os lados.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeSáb Jun 08, 2013 11:21 am

Como já haviam permanecido por ali durante ao menos trinta minutos, era de se considerar que d'Akins, assim como Korrr, estavam demasiadamente descansados e bem nutridos porque comeram o suficiente para que pudessem recomeçar a jornada em direção ao interior, e litoral, das terras búlgaras. Era pensando nisso, principalmente, que ela se levantava sem pressa, já ia preparando as armas novamente, mas observava toda a paisagem, talvez procurando pelos caminhos mais seguros. Lógico que animais selvagens seriam enfrentados querendo ou não, mas, sim, teriam de ser expulsos pela força. Força de vontade dos dois, caso não quisessem ser "almoçados".
Graças às altas temperaturas, era possível apenas se movimentarem aos poucos. Isso, sim, queria dizer que só chegariam às imediações das propriedades do colega pelas quais haviam deixado os cavalos pessoais dentro dum período equivalente a uma ou duas horas - SIM - era um tempo bastante grande - mas necessário - se não quisessem sofrer com as consequências da estação mais quente.
d'Akins parecia destemida a persistir. Ela conseguia fazer Korrr resumir o trajeto sem mais ou menos dificuldades e, como descrito, eles dois observavam três lagoas não muito distantes do ponto onde estavam. As lagoas eram conhecidas. Isso significava que estavam caminhando em direção ao local correto, não se perderiam. d'Akins observou as florestas ao extremo longe; logo pensou que também passariam por lá caso tudo desse certo... E lá era onde as coisas normalmente eram difíceis.

Caminhando por dentre o gramado verdejante, percebia ela a vasta variedade de flores por ali. Sim, era Primavera, e Primavera era caracterizada pelo grande aumento do volume daquelas plantas florescentes.
Suspirava. Sabia que existia uma longuíssima trajetória pela frente. E que a trajetória seria, talvez, usada para ajudar o governo búlgaro a detectar novas terras a serem conquistadas por um futuro não distante, mas próximo.
Sentia os ventos em seu rosto. Eles amenizavam toda aquela sensação de calor. Junto a isso, os sons do matagal graças ao passar das correntes de ar eram amigáveis. Faziam-na pensar muitas coisas.
Trocava algumas poucas palavras com Korrr:


- Ezerata. Ako iskate da poluchite, sobstvenost na g-n Vŭlko, togava nie tryabva da sledvate ezeroto v tsentŭra.
(- Os lagos. Se você quiser chegar à propriedade do Sr. Valko, então precisamos seguir pela lagoa ao meio.)

- Ako iskate da poluchite, sobstvenost na g-n Veselin, glava kŭm ezeroto otdyasno.
(- Se quiser chegar à propriedade do Sr. Veselin, siga em direção à lagoa da direita.)

Realizava uma parada breve para respirar. Afinal, havia falado tudo quase correndo, quase sem pausas. Korrr observava as instruções, isto lhe parecia atrair atenção. E não apenas isso, seria útil para futuras expedições que fizesse a sós---pois, como havia prometido, ele iria.
Antes que conseguisse responder alguma coisa (e a 50 metros de onde estavam (haviam passado por uma das lagoas já), viu ela o terceiro lago. Era o maior. Conhecia muito bem aquela região desde pequena. Parecia até que entusiasmada a falar e, sem demoras, proferia algo:


- I da! Tretiyat ezeroto. Perfect nachin, ako ste gladni i ne na predlaganeto na khrani. Chudesno myasto za ribolov, ako iskat i se nuzhdayat.
(- E sim! O terceiro lago. Caminho perfeito caso esteja com fome e nenhum suprimento de comida. Local excelente para pescar, se quiser e se precisar.)

- Ukazaniyata mu shte osiguri osnova za izsledvaniyata si, kogato te se startirat.
(- Suas instruções me servirão de base para minhas explorações, quando elas forem começar.)

- Kato poddrŭzhnik na bŭlgarskoto pravitelstvo, mislya, che e moe zadŭlzhenie da uprazhnyavat nyakoi... E, nyakoi "grazhdanite" tuk.
(- Como apoiador do governo búlgaro, eu acho que é meu dever exercer alguma... Bem, alguma "cidadania" por aqui.

d'Akins sorria levemente ao escutar aquelas palavras, mas como era muito acostumada à seriedade, suas feições naturalmente retornavam ao normal muito rápido. E sim, estavam os dois caminhando em direção à zona dos lagos, pois, apenas lá, saberiam quais pessoas formariam a caravana responsável pela expedição---a retirar um grupo não guerreiro já escolhido dentro de Pliska propriamente dita---para levar os suprimentos. De fato, envolverá uma grande quantia de pessoas.
Não apenas Korrr e ela mesma. Não apenas um mero bando de Mercenários como eles. E, muito menos, um pequeno bando de cavaleiros despreparados para o que viria mais pela frente.
O próximo destino dos dois seria a propriedade do Sr. Valko. Este era conhecido por ter inúmeros escravos trabalhando para que suas produções campestres triplicassem. Ela não tinha opiniões formadas sobre esse tipo de trabalho, mas sabia que era estritamente proibido nas terras pelas quais era proveniente.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeSáb Jun 08, 2013 11:34 pm

A zona por dentre as lagoas pode ser descrita como pantanosa. O solo é abordado por partes inundadas, embora consideradas razas e, as plantas, com eficiência, escondem toda aquela aparência encharcada que é presente nesta região. Como a hora é diurna, não há o que se preocupar por aqui. Ao caminhar, d'Akins pode, de fato, perceber que suas várias e várias pegadas vão sendo deixadas impressas no solo argiloso-aquático daquele local. A mesmíssima coisa acontece com Korrr que, aparentemente, não deve ter prestado atenção alguma ao fato por estar despreocupado e entediado demais para atentar-se devidamente com algo. A esta altura do campeonado, todas as muralhas que antes eram visíveis da tão importante cidade de Pliska, agora, estão praticamente invisíveis. Estão muito distantes... E as zonas de tráfego, porque passam os dois pela ANTIGA área de movimentação, nada mais é do que um mero matagal crescido sem cuidado algum, selvagem, em seu estado natural.

Ainda é cedo para dizer se existem perigos pelas proximidades ou não, mas, se existem, são apenas pequenos animais que podem facilmente ser atravessados pelas lâminas que os dois carregam. Não existem bestas selvagens muito grandes pela zona a até cinquenta ou sessenta quilômetros. Embora existam pequeníssimas vilas a chegarem por durante os próximos dezenove quilômetros---área, possivelmente,---atingida apenas durante o dia seguinte por eles, caso não usem o período noturno como motivo de avanço mais rápido pelos campos.

Poucas pequenas árvores, mais arbustos, começam a aparecer.

São produtoras de frutos. Mas desconhecidos.

Ao longe, é possível enxergar os primeiros indícios de que a zona é usada por pessoas de poder dentro da sociedade Búlgara. São nobres. Nobres possuidores do próprio pedaço local de terra. As terras usadas estão, entretanto, localizadas a não menos que 02 quilômetros dali

O clima permanece quente, afinal de contas, ele não é de mudar espontaneamente.

As brisas permanecem. São uma grandiosa ajuda para controlar toda a sensação de calor possuída pelos dois, em especial d'Akins, que usa uma vestimenta pesada por cima da armadura.

A zona pantanosa com arbusto baixos, espinheiros, flores, arbustos frutíferos e todos os tipos de flora deve continuar por pelo menos 200 metros. Em dias chuvosos, graças ao aumento no nível local das lagoas, elas chegam aos 600 metros.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeDom Jun 09, 2013 1:28 am

d'Akins caminhava sem pressas. Ela conhecia as características do local tão bem que até mesmo já travou uma ou duas batalhas pessoas por aqueles pântanos e não parecia temer a geografia do lugar, bastante instável, graças à constituição do solo mais a presença da água, que o tornava bastante arriscado se a pessoa não possuísse um pingo de cuidado. Seus cabelos eram jogados levemente para trás graças às brisas tão leves quanto um simples sopro. Ela já havia percebido as pegadas sendo deixadas, porém não se importava. Sumiriam assim que os primeiros ventos mais fortes fizessem as águas dali se moverem com mais força contra o solo molhado. Korrr não havia visto nada. E ele não estava sequer interessado com essas coisas.
Apresentou interesses ferrenhos nas respostas que eram dadas pelo marido: ora bastante despreocupado em proteger a própria nação, agora aparentava estar mudado. Talvez por conta da aparição do Cristianismo em terras vizinhas? Podia ser, mas nunca dizia com toda a certeza. Por aquele momento, haviam andado outros bons metros, mais do que antes, prováveis 100; os pés dos dois estavam molhados graças às águas.

d'Akins realizava uma pequenina parada para observar os arredores. SIM - estavam muito silenciosos. Ouvia-se apenas a brisa, ou vento, dependendo de como era sentido. Com a claridade do dia sobre suas cabeças, ela precisou fazer certo esforço para enxergar o que existia dali à distância máxima visível.
Via a propriedade mais próxima, aquela possuída pelo nobre Valko. E embora distante a dois quilômetros, resolvia apressar o passo, não podiam esperar até de noite para terem de volta uma das peças essenciais da jornada.
Korrr apressava os passos por igual. Ele parecia não querer perder tempo com aquilo tudo.


- E, az ne mislya, che shte nablyudava mnogo ekspeditsii , dokato voĭna na khristiyanstvoto ne se startira.
(- Pois eu acho que você não vai observar muitas expedições enquanto uma guerra ao Cristianismo não começar.)

- Az go zalozhi dostatŭchno . Az vyarvam v istinata i realnostta na edin konflikt.
(- Eu aposto bastante nisso. Acredito na verdade e realidade dum conflito.)

Korrr sempre foi entusiasmado em confrontar dissidentes da cultura real e original cultivada pelo povo Búlgaro, ensinado pelos pais desde muito cedo a reunir certo... Ódio, ou pelo menos desconfiança, àquilo imposto por entidades forasteiras. Claro que ele não era suscetível aos mesmos sentimentos com respeito às discussões sobre assuntos de pouca importância.
Sentia-se até que animado quando escutava d'Akins revelando seus sentimentos. Sentia-se ainda mais animado ao ver que os dois pensavam praticamente do mesmo jeito e que, de fato, levantariam lâminas juntos contra a opressão Cristã caso ela fosse muito evidente ou impositora pela Bulgária.
Era preciso tomar cuidado. Mais do que nunca. Quem sabe os invasores já não estivessem por perto? Quem sabe eles já não estivessem infiltrados? E apenas captando informações secretas sobre os hábitos de vida locais para mudá-los à força, segundo seus interesses? Tudo aquilo lhe deixava espantado. Inquieto.
Parecia responder com voz tensa e ofegante:


- Az sŭm prosto se podgotvya za kogato doĭde denyat.
(- Apenas estou me preparando para quando o dia chegar.)

- Az shte se izbegne kŭrvava konfrontatsiya. Osven ako... Tryabva mi, tochno sega, povishavane nozh sreshtu tazi zaplakha.
(- Vou evitar algum confronto sanguinário. A menos que... Eu precise, desde já, levantar lâminas contra essa ameaça.)

Parava para colher alguns frutos alheios que eram encontrados por aqueles arbustos. Não sabia, definitivamente, do que se tratavam, mas as aparências aparentavam ser boas. d'Akins desconfiava, pois pensava que podiam ser venenosos. Frutos venenosos eram conhecidos há vários milênios. Não entendia ela os motivos de Korrr ser atraído por eles.
Instintivamente, sacava ela a espada e, num golpe sem intenções de ferí-lo, parava a lâmina entre suas mãos e o arbusto. Korrr paralisava pouco antes de tocá-lo, ou seja, aquela BEM afiada espada havia tocado-lhe os dedos, porém não com suas porções cortantes. Podia até sentir que estava um tanto gelada.


- NE! Toĭ e otroven.
(- NÃO! Isso é venenoso.)

d'Akins resumia a caminha logo depois, porém com a espada empunhada. Estava apontada para baixo era claro, afinal de contas, mesmo que usassem os dois suas próprias armaduras forjadas em metais resistentes, estavam sem seus capacetes. Haviam ficado junto aos cavalos. E pela compridura da lâmina, Korrr podia muito bem ser ferido por acidente, o que ela não queria.
Calavam-se. Seguiam quietos em direção à primeira parada da jornada, porém, dentro de suas mentes, d'Akins e Korrr estavam planejando várias coisas para o um futuro não muito distante. Proteger a Bulgária era um objetivo. Ajudá-la a crescer, outro. E assim poderiam ir conquistando maior simpatia dos governantes imperiais, mesmo que aos poucos.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeDom Jun 09, 2013 10:31 pm

Os frutos (corretamente) venenosos são provindos de um arbusto baixo, típico de toda a região, considerado até uma erva daninha pelos locais. Tão fato é isso que, se olharem ao redor, verão centenas, milhares desta árvore em vários estágios de crescimento. Até mesmo existem arbustos antigos mortos. Aparentemente não existem problemas quanto aos espinheiros, por mais afiados que eles sejam: as armaduras livram os dois de sofrerem grandes danos em decorrência das árvores. Que são extremamente resistentes. Só são cortados facilmente por machados. Apenas gravetos e galhos muito finos duma árvore em desenvolvimento podem ser destruídos ou partidos por espadas com facilidade. Por aqui, tais espinheiros não são imensamente presentes, mas quando aparecem, formam uma barreira bastante rígida. Rígida o suficiente para prender exploradores por horas em um mesmo local, enquanto eles perdem tempo procurando saídas por dentre os galhos espinhentos.

Tais espinhos podem atingir sete centímetros de comprimento e podem matar uma pessoa facilmente, caso sejam lançados em direção ao rosto ou peito da vítima. Não é atoa que as tribos locais, os menores centros organizados populacionais e fazendeiros prezam muito a presença deste tipo de planta: com ela, não ficam desarmados.

Ao avançarem, percebem a divisão do terreno em dois médios morros, cada um repleto por pinheiros recém-nascidos mas já grandes. Ou pelo menos médios, tendo sido trazidos ali por pássaros em migração.

O fato é que ambos os morros não obscurecem a visão do que há mais para frente, outro sistema de lagos, agora maior, mais profundo e mais "turbulento", embora não existam cachoeiras.

Ao longe, as montanhas e florestas. Atingí-las levará vários dias, talvez mais do que duas ou três semanas a pé, mas alguns bons dias utilizando animais de transporte que estejam sadios.

Ainda para trás delas, quase invisíveis, estão as áreas praianas. Chegar até lá é uma tarefa extremamente árdua e poucos conseguiram passar vivos através das madeiras florestais, cachoeiras, rios turbulentos e animais selvagens famintos que habitam aquela zona.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeDom Jun 09, 2013 11:42 pm

Ela continuou caminhando em passos mais apressados, afinal de contas, não era seu desejo chegar à noite até aquela propriedade - mesmo porque, como todo o planejado, eles não parariam para dormir por lá. Não podiam perder tempo. d'Akins tinha que observar secretamente quais eram as reais intenções da Igreja Católica, por isso já se confortava em saber que precisaria chegar às praias, construir ou pegar algum barco, sair em alto-mar sem saber praticamente nada sobre as condições marítimas para, após uma boa quantia de dias, atingir a costa inglesa mais ao norte. Assustava-se consigo mesma ao pensar no tamanho da trajetória, mas alegrava-se ao saber que isso estava sendo feito para o bem dos búlgaros. Poucos mercenários e cavaleiros fariam isso por conta própria e era fato. Muitos temiam o "poder" detido pelos Cristãos...
... Mas não ela, não Korrr, não seus companheiros de viagem. Já estava pensando em ter algum objeto de importância a ser encontrado. Isso talvez aumentasse ainda mais seu até que grande prestígio e fama do ponto de vista populacional graças às expedições de alto risco pelo território nacional, porém poucos sabiam que era apenas uma Cavaleira-tornada-Mercenária à procura dos próprios propósitos de vida. Os ventos continuavam a atenuar toda aquela sensação de calor. Aqueles arbustos eram cortados, um a um, com movimentos simples da espada (lados e cima para baixo) apenas para limpar caminho. Um galho de espinheiro foi adquirido.

Gostava daquelas armas rústicas e conhecia o potencial tremendo contra alguém fora duma boa armadura, isto é, desprovido da proteção oferecida. Nunca havia ferido ou matado um cidadão sequer, um ladrão sequer com aquilo, mas os amigos, já.
Trabalharia melhor com aquilo quando chegasse ao primeiro destino. Após guardá-lo, já percebia ambos os morros. Estava muito perto. Precisava apenas descer algumas curvas-de-nível (prováveis) situadas à frente.
Estava incerta se uma batalha ocorreria por algum ponto específico naqueles campos. Não temia as coisas por elas estarem quietas demais, não acreditava na premissa dita pelas pessoas de que ambientes muito calmos eram sinais de desgraças iminentes. Respondeu, kakto i da e, ao marido:


- Sled tova tuk, i sedemdeset metra i e gotov.
(- Depois disso aqui, mais setenta metros e pronto.)

- Ima si viziya, Korrr. Ako iskate da izbegnete izbegne, no az sŭm tuk, za da nauchite tsyalata istina. Moyata destinatsiya e Velikobritaniya---samo tam moga da razberem po-dobre kak raboti tazi vyara, izvesten kato khristiyanstvoto i iskam da razbera zashto tolkova mnogo pronikvaniya.
(- É a sua visão, Korrr. Se quiser evitar evite, porém eu estou aqui para saber toda a verdade. Meu destino será o Reino Unido---apenas lá poderei conhecer melhor como é que funciona essa fé conhecida por Cristianismo e entender porque querem tantas intromissões.)

Havia deixado estritamente claro que lutaria pela independência religiosa e cultural do país a todo o custo. Até consideraria "ser convertida" de propósito, mas bem falsamente, ao Cristianismo, caso suas intenções primárias de visita ao Reino Unido fossem frustradas apenas para conhecer como aquilo tudo funcionava. Jamais refutaria a cultura pelas quais nasceu. Jamais largaria mão daquilo que aprendeu em prol dum "Deus" único destruidor de povos.
Korrr ainda não havia se decidido quanto ao que faria, porém. d'Akins temia SIM sua morte e sabia que precisaria arranjar esforços mais do que pessoais para protegê-lo caso suas ideias fossem diferentes. OU precisaria vê-lo morrer à sua frente sem poder fazer nada por conta de traição. Balançava a cabeça negativamente quanto àqueles pensamentos e resmungava alto. Quase gritava. Golpeava o ar.
E se reconstituía. Korrr estranhava aquela ação tão repentina, mas entendia que estava ela preocupada com algumas coisas. Só não sabia com o que, porém respondia, sem demorar:


- Uspokoĭte se. Ne zabravyaĭte, che moyata firma ima. I vie kato che li obseben ot tova - ne e li?
(- Acalme-se. Lembre-se que tem minha companhia. E você aparenta obsecada a isso - não é?)

- Obsebena ili ne, se podkrepya .Mislya, che "khristiyanskata vyara" ne tryabva da unishtozhi tova, koeto sa sviknali da vyarvat i razbirat.
(- Obsecada ou não, está sendo apoiada. Acho que a "Fé Cristã" não deve destruir o que fomos acostumados a crer e saber.)

d'Akins se mantinha indiferente quanto aos comentários, mas sabia que eles eram reais e precisavam ser acatados por alguém mais com seriedade. Por hora, prestou-se muito mais a observar os novos lagos, de tempos conhecidos, que apareciam logo pela frente após passarem ambos os morros.
Ela já conseguir observar a residência específica do colega pelas quais havia deixado seu cavalo. Estava aliviada. Agora, também, queria aprender a como usar o pedaço de espinheiro que havia obtido lá pra trás. Ele saberia ensiná-la.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeSeg Jun 10, 2013 11:03 pm

Não repentinamente, a quantidade de árvores aumenta - as zonas irrigadas pelos rios - responsáveis pela melhor germinação das plantas - é suficiente para trazê-las à tona. Mas estão localizadas apenas ao redor dos lagos, já que o alcance dos pântanos é limitado e restringido ao espalhamento da água pelo subsolo. Ao adentrarem, os dois percebem, de imediato, a queda dos raios solares outrora escaldantes sobre suas cabeças. Observam as copas das árvores se estendendo para muito mais alto que os pequenos arbustos outrora encontrados. O canto dos pássaros, insetos e sons de outras criaturas desconhecidas pode ser ouvido. Por a floresta ser demasiadamente fechada, pouquíssima luz solar penetra em direção ao solo; consequentemente, o chão é livre de gramas, pequenos arbustos, mato e até mesmo espécies invasivas. Todo o solo florestal parece ser forrado pelas folhas mortas que caíram, e caem, das copas logo acima. E o calor não diminui, muito pelo contrário. Ele apenas aparenta ser mais intenso.

As brisas são bloqueadas pelas árvores. Duma hora para a outra, os dois param de sentí-la. E a sensação térmica verdadeira, pelo menos trinta ou até mesmo trinta e cinco graus, é sentida. Com as roupas grossas que usa, d'Akins terá de beber água constantemente. Idem e fato é para Korrr.

Porém, não estão perdidos.

Há um caminho muito bem traçado pelo solo daquela concentração arbórea responsável por informar a posição certa para que quaisquer viajantes, indo ou saindo de Pliska, não se percam por ali.

Repentinamente, a chuva. Não muito forte, mas forte o suficiente para ser ouvida e sentida um pouco pelos dois. Podem até não perceber, mas os céus ao redor estão totalmente fechados graças à evaporação constante das águas das grandiosas lagoas.

E alguns trovões esporádicos pelas proximidades, para completar a cena

Talvez cheguem ao destino sob chuva.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeSeg Jun 10, 2013 11:06 pm

Por mais que quisesse satisfazer todos os desejos de conquista territorial às terras búlgaras mais depressa que quaisquer outras pessoas pela História, d'Akins estava, aos poucos pelo menos, começando a convencer-se de que a calma era, talvez, o atributo mais demandado se ela realmente quisesse fazer bem no final das coisas. Então, mais uma vez, os pensamentos foram interrompidos quando percebeu certa diminuição referente à quantidade de luz solar a atingido, e olhou para os lados, frente, cima e baixo. Estavam ao meio duma floresta. Pequena, ela sabia, mas quaisquer florestas eram perigosas. Nunca eram para serem confiadas, até porque animais selvagens de todos os tipos e formas não as deixavam; eles moravam por elas.
Se havia guardado a espada em sua bainha antes, agora retirou-a novamente. Sentia nos pés uma espécie de mistura da terra com as águas das lagoas próximas, sabia com muita perfeição onde estavam. Havia uma vantagem: a falta de arbustos pequenos e gramas que constantemente se enroscavam em seus pés, dificultando quaisquer movimentações. Havia, também, a falta direta do Sol, mas, ao sentir as brisas pararem, preocupou-se. Ficaria um bocado de quente por ali---algo perigoso.

Ouviu todos os sons animais pelas redondezas e à distância. Sabia afirmar com certeza se bichos perigosos estavam presentes ou não e, felizmente, havia avisado a Korrr de que só sacara a espada como precaução, não proteção direta, já que predadores estavam muito ausentes da região. Eles existiam---mas permaneciam fundo pela mata, próximos aos rios, talvez até nas áreas nunca antes acessadas pelas pessoas.
Suspirou e bebeu um gole d´água para que não sentisse os efeitos do calor. E logo viu as chuvas. Ouviu os trovões. Sim, o tempo havia mudado sem sequer perceberem. Tomava um pouco de chuva, a quantidade aparentava pequena graças à proteção efetuada pelas copas densas das árvores logo acima.
Embora não gostasse de conversar quando numa floresta por costume e necessidades de concentração extrema, sem sequer olhar para a cara do marido, atenta aos arredores com base nos sons da floresta principalmente, d'Akins respondia muito corridamente (talvez até sem perder tempo com a forma da fala):


- Obseben? Dobre. No zashto, za razlika ot plodove lov, ne obrŭshtat vnimanie na zvutsite na gorata?
(- Obcecada? Tudo bem. Porém, por que, ao contrário de caçar frutas, você não presta atenção aos sons da floresta?)

- Te shte vi dadat pravilnite otgovori za tova kakvo e za neya. Znaete li, che?
(- Dão-te as respostas certas sobre o que existe por ela. Sabia?)

Korrr, que caminhava sem nenhum temor ao lado de d'Akins, agora via e se deixava dominar pelo esplendor da floresta, um ecossistema, sem sombra de dúvidas, de tirar o fôlego. Mas não estava almejando caçar frutas ou algo para comer. Sabia muito dos perigos florestais, pois, sim, havia sido ensinado muito disso pelo próprio pai enquanto se engajava nos treinamentos que um dia o tornariam guerreiro. De qualquer forma resolveu prestar atenção redobrada ao que ela lhe dizia.
Balançava a cabeça em aprovação e concordância. E ainda não havia entendido direito o que seria feito do espinheiro por d'Akins pego várias centenas de metros mais para trás. Uma arma? Uma decoração para algo? De qualquer forma, esperava chegarem ao local de destino para ver. Ele nada respondia daquela vez; preferia o silêncio e os pensamentos positivos sobre o decorrer da quest.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeTer Jun 11, 2013 4:35 pm

É quando as chuvas se intensificam, mas mesmo assim, as copas densas das árvores os protege contra aquele grande volume de água, deixando passar muito menos precipitação em direção ao solo do que o esperado. Os sons das águas batendo pelas folhagens logo acima aumentam muito. E com eles, a incidência de trovões e relâmpagos, fora é claro, o risco de incêndios causados por raios atingindo árvores muito altas. Mas por hora, nada é extremamente perigoso, já que os rios, em teoria, por serem água, representam um REAL perigo quanto às descargas elétricas. O cair das chuvas também diminui a temperatura por pelo menos cinco ou seis graus, aliviando a sensação de calor perceptivelmente. Eles agora caminham pelo solo encoberto de folhas em decomposição; a deposição dessas folhas não apenas é altíssima, mas cobre os pés à quase metade da canela deles. É um solo bem profundo, não remexido pelos fazendeiros locais. É um solo considerado pobre, também, impróprio para uso agrícola.

Por algumas frestas persistentes acima nas folhagens, o nível das chuvas aumenta ou cai em considerável quantidade. Korrr e d'Akins, de qualquer maneira, estão molhados e seus cabelos como se estivessem entrado em um rio e mergulhado.

Naquele ambiente, é difícil escutar os sons naturais da selva e procurar por animais. Mas eles dois chegam a uma provável antiga habitação florestal uma vez ocupada pelos povos antigos da região; são casas e mais casas feitas em madeira, pouco preservadas graças às idades, sem nenhum resquício visível de seus tetos. Ao menos, alguém já conseguiu viver meio aos perigos apresentados por uma floresta e criou comunidades florestais que, talvez, duraram vários séculos.

À frente, porém, podem perceber o clareamento repentino, mas antes gradativo, da zona de floresta: sim, já estão saindo da região e mal penetraram o coração daquele mata toda. Passaram a várias centenas de metros dos lagos. E não encontraram animais perigos para atrapalhá-los, talvez por ser uma zona de passagens usadas por viajantes e todos os tipos de pessoas possíveis.

O solo aos poucos deixa de ser pantanoso e se torna mais consolidado.

Algumas gramas reaparecem. E com elas, a vegetação típica dos campos é restaurada em rápida transição. As chuvas começam a cair "estranhamente" de intensidade: elas são não generalizadas pela região, mas localizadas e centradas na florestinha.

Até mesmo as nuvens diminuem de intensidade drasticamente.

Os primeiros raios de Sol começam a brilhar novamente.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeTer Jun 11, 2013 4:59 pm

Continuavam caminhando com um pouco mais de pressa pela região, já que o cair das chuvas parecia aumentar---e os riscos de uma inundação---não muito difíceis na região---começava a ter suas preocupações cada vez mais sérias, de fato. Havia riscos não apenas disso, mas também, incêndios florestais graças aos raios. d'Akins, não querendo se demonstrar apreensiva demais para Korrr, mantinha-se calada. Ela enxergava muito pouco com aquelas águas que caíam em maior intensidade, mas estava certa de que estavam eles no caminho certo---mesmo as trilhas tendo desaparecido; mas ela sabia como fazer para sair daquela floresta, pelo menos: tinha a experiência precisa para conhecer as redondezas sem maiores problemas. O que fazia, porém, era manter sua espada empunhada. Ainda mais por agora... Que os sons animais foram camuflados.
Seus cabelos não estavam apenas molhados, mas "lambidos" graças às águas e colavam-se facilmente à sua face, praticamente reduzindo o campo de visão pela metade. Precisava arrumá-los constantemente. Korrr muito menos, até porque usava cabelos normais, não compridos. Hora ou outra, eram pegos de surpresa por espaçamentos dentre as folhagens logo acima, espaços pelas quais as chuvas aumentavam repentinamente. d'Akins, porém, sabia que não deviam desistir. Não muito tempo depois, seus esforços começavam a compensar.

Observava o clareamento da paisagem logo a frente. Observava as terras familiares logo ali---inclusive a casa do colega e o estábulo pelas quais haviam ela e Korrr deixado is animais de transporte. Chamava as atenções do marido naquele mesmo instante para que ele conseguisse perceber que haviam achado a saída correta em direção àquela fazenda. Ao mesmo tempo, riam, gargalhavam até, talvez numa reação natural por terem passado tão rápido por uma floresta.
d'Akins olhava para o alto e percebia as chuvas caindo em intensidade. Isso era esperado, de tempos conhecia aquele fenômeno engraçado (e sem explicações) responsável por criar tempestades localizadas enquanto o terreno aos arredores permanecia ensolarado. E não conseguia sentir mais um pingo só de água. Guardava a espada na bainha, ela não seria mais precisa àquele momento.

Próximo ao fim das árvores, os campos retornavam suas formas exuberantes e verdejantes - d'Akins sabia que existiam conexões com o Sol para que aquilo ocorresse - ela não sabia explicar o que exatamente estava acontecendo (não haviam as explicações devidas ainda por aquele século). Finalmente, estavam fora da floresta. As grades delimitando a propriedade pelas quais desejavam chegar estavam à frente dos dois.
Korrr percebia um homem consideravelmente velho meio aos campos e plantações junto a uma grande quantidade de escravos. d'Akins sabia que se tratava de Valko; mas decidiam não gritar por sua atenção.
Contornavam cuidadosamente as cercas em direção à casa e estábulo. Estava na hora de ver as maneiras pelas quais Darina e Grozdan, os cavalos, haviam sido tratados após uma passagem de tempo equivalente a duas semanas ou mais. d'Akins virava-se quase repentinamente e falava algumas palavras para Korrr:


- Podoziram, che g-n Vŭlko ne ni e vizhdal, no mŭlcha. Az sŭm negov priyatel, samo az mrazya razgovorite im chesto dekonstruktivna.
(- Desconfio que o Sr. Valko não tenha nos visto, mas fique calado. Eu sou amiga dele, SÓ que odeio suas conversas geralmente desconstrutivas.

- Znaesh li. Vleze, ni vze konete, ako der pozdravi Vŭlko... I si trŭgnakhme bŭrzo, predi toĭ ni prinuzhdava da ostane.
(- Já sabe. Entramos, pegamos nossos cavalos, se der cumprimentamos o Valko... E saímos rápido antes que ele nos force a ficar.)

Korrr respondia com acenos positivos. Naquele mesmíssimo instante, já estavam praticamente contornando a casa principal da propriedade, uma habitação modesta, feita em madeira pura, maciça, resistente contra as ações do tempo e infestações animais que geralmente destróem estruturas do material. E era grande: mais de quatro vezes o tamanho da casa dos dois em Pliska, talvez para acomodar a imensa família do fazendeiro durante as festas de final de ano, única oportunidade pelas quais eles todos conseguiam se reunir durante um ano inteiro. Os estábulos eram cuidados 24 horas por dia pelos escravos mais qualificados ao trabalho, normalmente aqueles habituados com animais.
d'Akins sabia que estavam em boas mãos porque Valko oferecia sempre as melhores mãos-de-obra para o serviço. Tanto que seus cavalos jamais voltaram feridos, desnutridos, ou mortos, para casa. Conforme aproximavam-se dos estábulos, podiam ouvir os sons dos animais lá dentro. Estavam os dois bastante confidentes de que eram seus animais mais estimados...
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeQua Jun 12, 2013 12:36 am

E um Sol quente retorna, após a passagem pelas terras localmente chuvosas da planície. É claro que não estão tão distantes assim das árvores, os clarões provindos de raios e os sons dos trovões, pelo menos os mais fortes, são escutados perfeitamente. A diferença é que não há chuva, tampouco mal tempo, muito menos perigos iminentes de incêndio. Não estão, porém, livres de serem vistos pelos escravos a serviço daquele fazendeiro. Diz-se que possui mais trabalhadores obrigatórios do que quaisquer pessoas pela região, mas costuma desmentir os fatos com desculpas sempre esfarrapadas para não virar centro de revoltas caso um dia a escravidão venha a ser proibida pela Bulgária. Pelo menos quinze foram vistos trabalhando pelas produções cereais quase prontas para colheita. Se os dois prestaram atenção suficiente, Valko em pessoa está situado por ali, dando suas ordens e castigando escravos considerados preguiçosos ou ruins.

d'Akins e Korrr passam seguros pelas cercas e porteira da propriedade sem serem vistos por ninguém. Passam também pela casa principal - ou sede - da fazenda aparentemente não observados. E chegam próximos ao estábulo.

Os animais por ali mantidos aparentam saudáveis. Foram cuidados com perfeição pelo tempo em que passaram pelas mãos daqueles trabalhadores locais, sem sombra de dúvidas.

Mas Valko havia percebido suas presenças graças a alguns poucos escravos espalhados pelos campos, provavelmente colhendo algumas safras já preparadas. Estes eram Blagun, Boyko e Zlatko, trabalhadores da confiança principal daquele fazendeiro até mesmo tido como perigoso caso o assunto for invasão não permitida das terras que possui. Não se armou, porém, porque já esperava a visita de d'Akins e Korrr em um futuro relativamente próximo.

Escutam passosa chegando.


- Mislekh, che shte otneme poveche vreme! Fiksirana tozi pŭt?
[- Achava que vocês fosse demorar mais tempo?! Arrumaram o que desta vez?]

Caminhando ao redor dos dois sem nenhuma pressa.

Até gostaria de oferecer alguma estadia, talvez mais pela aparência acabada pelas quais os dois haviam demonstrado. Fica de frente para eles. E assim, para de frente aos dois. Valko resume as falas após um pequeno, mas normal, sorriso:


- Akh, vashite kone. Te sa v bezopasnost tuk i se nadyavat da gi pregledate s trevozhnost.
(- Ah, seus cavalos. Ficaram seguros por aqui e estão esperando para revê-los com ansiedade.)

O homem caminha em direção ao estábulo principal, esperando que d'Akins e Korrr fossem seguí-lo. Também já havia percebido o espinheiro possuído por ela, sabe que quer fazê-lo uma arma. Mais tarde ajudará, porém, ao que parece, são os animais os maiores interesses do momento.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeQua Jun 12, 2013 12:42 am

Graças ao calor que havia retornado, estava com os cabelos muito menos "rebeldes" do que antes, e a face de d'Akins estava, finalmente, seca. Arrumou os cabelos com rapidez, esperou pelas movimentações do local. Até tinha percebido, calculado pelo menos, que Valko poderia percebê-la graças aos trabalhadores espalhados pelo campo; e até já sabia que, cedo ou tarde, ele faria alguma visitinha surpresa a eles enquanto fossem se aproximando aos estábulos. Estava ela quase subindo os primeiros degraus de madeira em direção ao interior, quando... Ouviu passos. Preferiu não virar, talvez estragaria a surpresa. Pelo menos sabia se tratar do fazendeiro em pessoa---era seu costume andar de forma um pouco acanhada e lenta, afinal, possuía uma idade que não podia ser nenhum pouco desconsiderada. Virou-se. Korrr virou-se momentos depois e ambos não quiseram, ou não sentiram desejos, de sorrir.
Conhecia os truques certos para afastá-los das proximidades o quanto antes. Valko podia ser uma pessoa boa (com eles), mas quando passava dos limites, era um homem muito estressante. Ficava ela com vontade de matá-lo literalmente---passando a espada por sua goela sem pena alguma. De vez enquando até sentia tal vontade: havia sido avisada de que ele era traiçoeiro. Que algum dia ainda faria armações para prejudicá-los. Como havia sim feito num passado com quase todos os seus colegas mais próximos por motivo nenhum. Mas antes de decapitá-lo, precisaria aprender a transformar aquele espinheiro em arma. Era o suficiente.

Korrr sentia-se seguro ao conhecê-lo pela primeira vez e não podia dizer se era bom ou se era ruim manter uma amizade daqueles, mas certamente, expressou vontades de deixá-lo de lado e seguir pelas trilhas afora em direção aos países Cristãos. Interessante é saber que nenhum trabalhador escravo (ou escravo apenas) sequer levantava suspeitas sobre a personalidade alterável de seu senhor. Com certeza, medo.
d'Akins era contrária à escravidão pela Bulgária. Pensava que igualar-se aos outros países não os faria grande nem de longe. Sabia que a escravidão não faria grande ninguém, mas sim traria problemas diretos ao país, especialmente quando (porque era questão apenas de TEMPO) uma expedição Cristã chegasse às terras búlgaras com suas premissas venenosas para serem disseminadas.
Caminhavam os dois em direção ao interior do estábulo. Procurava Ahemoa achar alguma distração para manter Valko longe dos dois, enquanto pensava conscientemente se fazia uma morte por ali ou se mantinha o velho fazendeiro vivo apenas por certa consideração. SIM - a decisão parecia difícil. Dizia algumas coisas:


- Doĭdokhme, za da poluchite nashite kone, zashtoto nie si trŭgvame sega. Dalechni zemi. Otvŭd, kŭdeto vseki bŭlgarite sa bili.
(- Viemos buscar nossos cavalos porque estamos partindo agora mesmo. Terras distantes. Para além de onde quaisquer búlgaros já estiveram.)

- Izbrakhme da trŭgnat po pŭtya prez denya i noshtta. Mislya, che kolkoto poveche pechalba, nie shte imame po-malko karanitsa.
(- Escolhemos percorrer caminho por dia e noite. Acho que quanto mais tempo ganharmos, menos transtornos teremos.)

Não esperava por respostas do fazendeiro, apenas queria logo os cavalos e uma boa aula de como transformar aquelas plantas estranhas da região em armas letais. Cruzava os braços ao entrar no estábulo e permanecia em pé, admirando a beleza dos animais. Korrr admirava por igual, mas era um pouco mais descolado e preferia não parecer "mal educado", afinal de contas, nunca antes havia encontrado aquela pessoa e era aberto a conhecer gente nova, mas com cuidado.
Em sua cabeça, d'Akins sabia que retê-los era um alívio. Não cobririam grandes distâncias andando, afinal, era exaustivo. Não precisariam enfrentar perigos muito arriscados caso eles aparecessem. Poderiam apenas fugir usando os cavalos. Estava certa de que um mundo de facilidades acabava de ser retomado e seria a base para continuarem com aquilo tudo.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeQua Jun 12, 2013 11:17 pm

Como é um homem apreensivo que gosta de esconder por várias vezes a própria personalidade, o fazendeiro não demorou a mostrá-los o estado excepcional dos dois animais que ali estão, tão bem nutridos e sadios quanto eles conseguiriam mantê-los. O de cor branca amarronzada pertence a Korrr. O outro, basicamente preto, pertence a d'Akins e parecem recém-adquiridos de tão bem cuidados. Sem mais delongas, tratou de soltar as cercas de contenção... E, sem afobações ou susto, os cavalos permaneceram parados onde estavam, já que eram acostumados com aquelas pessoas. É então que Valko retornou com alguns dizeres não muito altos, mas honestos e diretos para eles dois, caminhando um pouco para trás, olhando fixo aos dois animais:
- Vie ste umen! Otide da donese na zhivotnite v tsyal den grizha za zhivotnite tuk.
(- Vocês são espertos! Passaram pra buscar os animais em pleno dia de cuidados animais por aqui.)
Agora, caminha em direção à búlgara.
- d'Akins. Vizhdam, che imash edin ot tezi mestni rasteniya v regiona, koito sa bodliv i mozhe da se izpolzva kato orŭzhie za lichna zashtita. I razbrakh, che iskate mi malko pomosht v koeto gi pravi...?
(- d'Akins. Vejo que possui uma daquelas plantas nativas da região que são espinhentas e podem ser usadas como arma de proteção pessoal. E eu entendi que quer minha ajudinha na confecção delas...?)
Até podia não esperar por respostas, mas, apreensivo às coisas como costuma ser, o velho não perderia tempo em se manter calado após observar os pertences que ela está carregando. Ele sabe que fazer uma arma daquilo é rápido. Não mais que alguns minutos, possivelmente meia hora ou uma hora no máximo. Valko em pessoa já possuiu uma coleção daqueles artefatos que ele mesmo fez. Então não é de se surpreender que levará pouquíssimo tempo para forjar o equipamento de defesa para d'Akins. Convida ambos a entrarem em sua casa após, calmamente, descer as escadinhas do estábulo em direção ao gramado existente pela distância entre ambas as estruturas.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeQua Jun 12, 2013 11:59 pm

Ao descruzar seus braços, caminhava d'Akins até perto de Darina, seu cavalo preto com as manchas amarronzadas espalhadas pela face, especialmente na zona dos olhos e do focinho. Acariciava o animal, "conversava" com ele. Mas por hora, precisaria deixá-lo dentro do estábulo, já que Valko realmente gostaria de levá-la à sua casa para, como presumido antes, ensiná-la a tornar um simples pedaço de espinheiro em uma arma letal de proteção pessoal. Não respondia nada ao velho, mas suspirava: não seria preciso custá-lo a vida ali e naquele momento. Não por enquanto. Caminhava pacificamente em direção à saída do estábulo um pouco mal cuidado graças à idade, descia os quatro ou cinco degraus e era seguida rapidamente por Korrr, igualmente mudo, mas admirando toda a paisagem lá fora - ainda perplexo quanto a mudança repentina quanto ao tempo. Passava Ahemoa através de um caminho conhecido, que era bastante florido naquela época do ano (Primavera) por possuir várias espécies de flores diferentes. Havia uma tão pequena e quase imperceptível estradinha em pedra construída há vários séculos. Ela já não era mais útil. Valko havia feito as melhoras necessárias quando herdou aquelas terras da família. Mas pensava ela em quanto tempo demorariam até as florestas, agora que estavam a cavalo, não mais a pé. 
Comentou nada. Apenas caminhou.
Korrr ia cantarolando baixo alguma música que havia aprendido enquanto residia ao outro lado do Mar Negro; nem mesmo d'Akins sabia direito o que estava sendo cantarolado, mas, claro, era uma forma usada por ele para passar tempo. Observava os céus com vários tons. Via as nuvens ao longe, resquícios distantes das florestas e praticamente nada das prais, que estavam encobertas pela densa vegetação conífera. Escutava os sons dos trovões não tão distantes, via alguns raios. Como, em um local apenas, vários fenômenos naturais conseguiam se juntar?
Não havia (ainda) explicação. Em todo caso, sentia-se sem muita liberdade para conversar e preferia calar-se após cantarolar por apenas vinte ou trinta segundos. Quanto ao cavalo, Grozdan, também havia acariciado, conversado e mesmo beijado - Korrr considerava os animais quase pessoas, diferente de d'Akins que, naquele quesito, era muito mais racional e menos infantil. Quando próximos o suficiente das portas cavernosas daquela casa, não era Korrr, mas sim d'Akins, quem começava a falar algumas coisas, provavelmente ao velho em pessoa (ela sempre elogiava suas terras desde que veio por aqui pela primeira vez):


- Kakvo pravite, za da pazyat tezi semi, taka plodorodna po tozi nachin?
(- O que você faz para manter essas terras tão férteis desse jeito?)

- Struva mi se, che prosto tseliya tozi robski trud, no toĭ mozhe da bŭde kvalifitsiran, ne mozhe da se schita za osnoven faktor...
(- Parece-me que apenas toda essa mão de obra escrava, por mais qualificada que seja, não pode ser considerada o principal fator...)

Até entrava na casa antes mesmo que Valko, já estava acostumada e possuía intimidade o suficiente para realizar tal ação. Ao entrar (entrava-se pela cozinha), obsevava a típica disposição dos móveis, com uma mesa de jantares em madeira ao meio, algumas velas espalhadas para serem acesas durante o período noturno, um quadro muito grande que ela até hoje não havia entendido o significado, um tapete colorido no chão abaixo da mesa usada para jantares, duas janelas (abertas por aquela hora do dia) e, como sempre, o cheiro de comidas. Não se importou quanto a isso. Não estava com fome. E nem pediria coisas para comer, seria muito ousada.
Korrr esperou até qie Valko entrasse para entrar. Não, não tinha intimidade nenhuma com aquele velho fazendeiro, mal sabia seu nome (conhecia pela esposa apenas), e não queria começar uma conversa com ele. Estava acanhado demais graças às dúvidas quanto se ele devia mesmo ser confiado ou não. Mas nada disse. Esntrou momentos depois e presenciou o mesmo ambiente já presenciado por d'Akins... E esperou pelas reações dos dois.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeQui Jun 13, 2013 4:06 pm

Valko não está surpreso pela reação de Korrr. A maioria dos visitantes de primeira viagem são acanhados com sua pessoa, mas ele pensa no porque. Há anos não demonstra ser aquela pessoa de antes. E há anos vive em paz dentro da sua terra, quase isolado quanto ao restante da Europa, a descontar os poucos contatos que mantém pelas proximidades. Vive a sós desde que sua esposa faleceu vinte anos atrás. Pois após Korrr entrar, fecha as portas, mas mantém as janelas abertas para ventilar aquele local que, geralmente pelas horas da manhã, é fresco. Como estão em final de tarde, o Sol já bateu por um dia inteiro. Então... O calor é perceptível. Após observar d'Akins alguns segundos, senta-se e a convida para se sentar.

Responde, com a paciência requerida (e esperada):


- Tuk imame tsyalostna sistema za napoyavane, koyato pozvolyava na nashata zemya za proizvodstvo na obshtata dŭlzhina na godinata.
(- Aqui nós temos um sistema de irrigação completo que permite nossa terra produzir pela extensão total do ano.)

- Mozhe da se okazhe, che rŭkata rob nagore ne pomaga mnogo, no... Tova e polezno, az tryabva da priznaya, che da!
(- Pode ser que a mão escrava até não ajude muito, mas... Que ela é útil, preciso confessar que sim!)

Após dito isso, foca-se Valko no mais importante: o bastão espinhento tido por d'Akins.

Pacientemente, pede aquele negócio como se fosse uma criança curiosa. Não é preciso muito mais do que uma faca afiada o suficiente, uma boa coordenação motora e conhecimento do exemplar para constituir tal arma defensora. E não é preciso muito mais do que a rapidez: retirando o excesso dos espinhos, ele sabe que consegue juntá-los em apenas uma das duas extremidades daquele galho. E, juntando-os, formará uma espécie de bola espinhenta muito essencial para cegar inimigos, ferí-los gravemente no rosto e até mesmo matá-los ferindo-os no pescoço. 

Valko ainda diz:


- Daĭ mi prŭchka i da vi pistoleta.
(- Dê-me o galho e farei para você a arma.)
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeQui Jun 13, 2013 11:03 pm

Retirava da cintura o pedaço de espinheiro, observava, perplexa: aquele negócio realmente viraria algo útil, ou estariam brincando com sua cara? Era nada mais, nada menos do que uma mera bola de espetos! Como trabalhar para que virasse uma arma de proteção pessoal ela mal sabia, mas, com a confiança e atenção juntas, levava o objeto em direção à mesa, nunca às mãos de Valko, até porque conhecia muito bem sua história traiçoeira. Ao realizar aquela ação, recostava-se na cadeira em madeira, esperava que fosse algo rápido. O Sol ainda raiava relativamente alto pelos céus, não podiam perder um dia. Encarava seriamente o senhor de idade, aproximados setenta e sete anos, uma expectativa de vida até que muito alta para os Humanos na época. Cruzava novamente seus braços. Queria ver resultados, sem explicações.
Porém, achava, ao mesmo tempo, interessante cortar as florestas o quanto mais. Passar ao meio delas é perigoso, encarar muitos animais selvagens e surpresas repentinas pode ser um problema imensurável. Ela não tinha medo algum, já havia passado por aquela situação várias vezes. Entretanto agora, as coisas seriam diferentes, precisariam encontrar caminhos mais rápidos em direção às praias do Mar Negro, única maneira de acessar países como o Reino Unido, por enquanto, muitíssimo distantes. Matutava consigo mesma. Sabia muito bem do que precisaria ser feito.

Korrr, menos apreensivo quanto a jornada mas muito cuidadoso para com as próximas ações do velhote, fixava seus olhos naquela barba branca, comprida, mais ou menos suja e mal lavada que possuía. Não deixou de perceber o chapéu igualmente surrado pelo tempo - e roupas quase rasgadas. Parecia não trocá-las a anos. Claramente Valko era um mero plebeu da classe mais baixa possível que, por sorte ou não, conseguiu se manter longe do trabalho escravo e da servidão dos feudos.
Sentava-se logo depois, ao lado de d'Akins. Observava fixamente a entrega do artefato a ele, calculava em sua mente que uma bela mão-de-obra seria precisa para terminar aquele negócio. Duvidava muito das habilidades de Valko em transformar aquilo tudo em armas e mais, estava cético de que ele conseguiria em apenas meia hora. Cutuvava d'Akins bem de leve, não podia deixar de perceber que carregava um facão imenso.
Para que um facão? Talvez para matar lobos, até mesmo ursos ou criaturas que viessem a invadir suas terras. Mas ele certamente não lutaria contra Anões, Elfos, até mesmo Ogros e Orcs usando apenas aquela lâmina. Encerrou os pensamentos em dois tempos, falando, em tom muito baixo:


- Macheteto...
(- O facão...)

- Toĭ vinagi go izpolzva.
(- Ele sempre usou isso.)

Assistia, sem muita pressa, a confecção da arma. Estava quase vidrada nas maneiras pelas quais aquilo tudo era feito, aprenderia de qualquer maneira. Seria preciso - até mesmo caso encontrarem criaturas, animais e outros perigos durante o caminho. Ela mesma conhecia tribos extremamente violentas à meio caminho para as florestas, jamais podia cruzar aquele caminho. Situava-se à Noroeste, em direção às montanhas mais próximas. Não apenas eram homens estranhos, portavam-se de maneira nunca vista pela Bulgária... Talvez fossem criaturas não-Humanas.
Ogros? Não. Não podia ser. Pois parava de tentar advinhar coisas para se focar direito ao que estava sendo feito por ali. Costumava dar, às pessoas que a ajudassem em suas dificuldades, algumas retribuições. A Valko, seriam dadas frutas frescas, já que um incêndio recente por suas terras destruiu todas as plantações próximo ao dia de colheita. Dizia para Korrr, em tom baixíssimo, sem que o velhote conseguisse ouvir:


- Zemite mu pretŭrpya uzhasen pozhar dnes.
(- As terras dele sofreram um terrível incêndio atualmente.)

- Zagubil vsichko futa plodove pochti sŭbiraneto na rekoltata. I moeto vŭzmezdie shte vi ostavya s nyakolko plodove da se sŭberat zaedno.
(- Perdeu todos os pés de frutas quase em época de colheita. E minha retribuição será deixá-lo com algumas frutinhas para que consiga se recompor.)

E retornava a pensar algumas coisas consigo mesma. Sabia que dali mesmo pegaria os outros mercenários e cavaleiros que os acompanhariam em direção àquelas terras distantes. Seria uma caravana composta por oito. Oito homens, jovens, adultos, mas não velhos, bem treinados. Capazes de enfrentar quaisquer coisas. 
Estariam mais do que seguros. Apenas esperou Valko terminar logo a confecção do troço antes que pudesse agradecê-lo, dar suas contribuições, buscar pela caravana e, com sucesso, partir daquela fazenda.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeSex Jun 14, 2013 10:56 pm

Passam-se trinta minutos pelo menos. A habilidade do fazendeiro (e antigo guerreiro) é notável com aquele pedaço de espinheiro e, como esperado, aquela arma é acabada sem tanta demora. O processo foi simples, apenas entrelaçar as pontas flexíveis entre si, dando formato esférico, este, repleto de espetos com até sete centímetros ou mais. Valko coloca aquele negócio sobre a mesa, observa paciente, mas não necessariamente espera por uma resposta de Ahemoa: ele sabe que, por estar ocupada, ela não quer perder muito tempo em sua casa, muito menos Korrr, cujos olhares de desconfiança, embora não percebidos, querem sinalizar muita pressa. Levanta-se de onde está, não oferece jantar antecipado aos dois porque d'Akins jamais aceitou comer daquela comida esquisita, talvez a ela mal feita e ou passada demais para ser consumida. Antes mesmo que pudessem falar alguma coisa, ele é rápido e deseja sorte aos dois para com a missão:

- Eto go. I akh, kŭsmet i na dvama vi. Vsichko, znaesh kŭde da me namerish.
(- Aqui está. E ah, boa sorte aos dois. Qualquer coisa, sabem onde me achar.)

Valko é um homem de estatura mediana para um Humano. Não chega a bater nem à altura do peito de d'Akins (e presumidamente Korrr), mas mesmo assim, é destemido. Ele conhece todas as terras búlgaras até as extremidades mais inacessíveis. Já viu o rosto jovial dos Elfos. E a baixeza, mas sabedoria, dos Anãos. 

Ele apenas nunca se encontrou com Ogros. Nem mesmo Orcs. Não se sabe se existem por esses cantos. Ou se realmente existiram, pois ele, em pessoa, costuma não acreditar nas coisas sem antes as ver.

Caminhando pacientemente para fora, fala, pela última vez:


- Pazete se ot Dragons! S chovekoyadtsite! I s vsichki drugi porodi potentsialna opasnost tam!
(- Tomem cuidado com os dragões! Com os Ogros! E com quaisquer outras raças de potencial perigo por aí! E que os deuses iluminem seus caminhos.)

Espera gentilmente, com olhos quase vidrados e "sorridentes" reações e possíveis respostas dos dois. Eles não sairiam sem dá-lo alguma despedida, não d'Akins. Abrindo a porta da casa, uma iluminação instantânea adentrou sua cozinha; o Sol já está baixo, mas há claridade suficiente para uma ou duas horas corridas de jornada em direção ao aberto dos campos búlgaros mais uma vez. O clima bom e favorável deve indicar que nenhum dos dois terá problemas com chuvas e tempestades.

Os únicos cuidados a serem tomados, é claro, são com animais selvagens, com possíveis criaturas míticas, nativos de aldeias há tempos esquecidas e, óbvio, dragões, se eles de fato existirem por aquelas terras.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeSex Jun 14, 2013 11:35 pm

Após acompanhar uma manufatura rápida e ao mesmo tempo bastante difícil de ser seguida apenas com os olhos, d'Akins recebia sua "arma" e, após guardá-la propriamente num cinto, levantava-se. Agradecia Valko sim pelo trabalho, mas aquele momento não era para ser demorado: os raios do Sol, como mostrado, brilhavam fortes sobre os céus, as nuvens, geralmente brancas, encontravam-se espalhadas aleatoriamente. Não havendo sequer sinais de mau tempo, chuvas e tempestades, era a janela de tempo esperada por ela. E talvez por Korrr que, mais uma vez, começava a se animar como antes. Óbvio, era sua primeira grande viagem em pelo menos dez anos. Caminhavam para fora, ela ouvia os conselhos do velhote e apenas sorria. Não aparentava acreditar em Ogros e Dragões, mas não andava por aí despreparada para surpresas. 
Pisando fora da casa, encontrava os cavalos já dispostos para saída. Junto a eles, seis ou sete pessoas, todas viajantes conhecidas, presentes meramente como maior número em casos de encontros imprevisíveis com perigos muito difíceis. SIM - muitos ainda morrerão e serão deixados para trás naquela jornada tão difícil. Muitos sofrerão, mas, quem não sofreria durante prolongadas jornadas? E sim, vários pereceriam diante das circunstâncias, mas d'Akins estaria disposta a proteger Korrr apenas, bem como Korrr, o mesmo quanto a ela. Com nada faltando, apenas virou-se d'Akins em direção ao fazendeiro. Disse:


- Zastanete s bogovete.
(- Fique com os deuses.)

- Blagodarya na vsichki za dobŭr kŭsmet. Ne se pritesnyavaĭte, nyama da ima drakon, ogre i nyakoi sŭshtestvo, koeto mozhe da ni spre.
(- Agradecemos todos pela boa-sorte. Não se preocupe, não haverá dragão algum, ogro algum e criatura alguma capaz de nos parar. Lhe mandamos notícias do outro lado assim que chegarmos.)

A reação de Korrr, além de uma despedida cordial ao velhote, foi surpresa. Ele não esperava que aquela gente toda também os acompanhasse, mas aquilo de longe era má notícia. Poderia confraternizar várias coisas durante o trajeto, trabalharia em grupo caso precisassem matar alguma coisa, fariam várias coisas em conjunto. Como guerreiro, é o dever ser parte fundamental nas decisões da agora formada equipe, mas, era claro, ele não se daria por convencido tão rápido.
Borislav, Boris, Desislav, Stanka, Braminir, Vladimir, Geto e Svetlana eram os acompanhantes - todos búlgaros - porém apenas da espécie dos dois, já que conservadora o suficiente como era, d'Akins provavelmente não misturaria várias espécies em um pequeno grupo por medo das brigas ideológicas. Eram cinco homens, duas mulheres, todos guerreiros de personalidade extremamente fortes. Ela calculava que apenas dois ou um retornaria com vida mas, apesar dos pesares, era preciso persistir. 
Ordenava rapidamente a eles que montassem em seus respectivos cavalos, coisa que, em imensa euforia e gritos de guerra, era feita tão rápido quanto um piscar de olhos. d'Akins e Korrr ainda precisavam caminhar um pouco mais até atingir SEUS animais propriamente ditos, que estavam um pouco mais distantes. Ela dizia, com calma, ao marido, de forma a deixá-lo confiante e, ao mesmo tempo, pensativo:


- Te sa det·skite mi vrŭstnitsi.
(- Eles são meus colegas de infância.)

- Znam, che vse oshte plachat i skŭrbyat za smŭrtta na pochti vseki, no zaradi nas, nie tryabvashe da gi postavi dopŭlnitelna zashtita. Khaĭde. Neka tozi den i nosht sa oshte po-kratko!
(- Eu sei que ainda chorarei e lamentarei a morte de quase todos, mas por nosso bem, foi preciso colocá-los como proteção adicional. Vamos. Vamos que o dia e a noite são ainda curtos!)

Subiu d'Akins e montou firmemente em sua égua com tanta rapidez que o próprio marido sequer percebeu com rapidez. Mas logo montou Korrr em seu cavalo e, não precisando mais caminhar várias dezenas de quilômetros a pé pelas terras ao redor, eles todos partiam em disparada rumo aos confins da Bulgária, possivelmente suas fronteiras mais distantes, em direção à Inglaterra.
Seriam pelo menos seis horas ou mais de viagem até atingirem as florestas. Doze ou mais até as praias. E vários dias para chegarem aos territórios que nunca pessoalmente antes estiveram, mas tinham imenso conhecimento graças aos Mensageiros búlgaros pela região. As incertezas, agora, pairavam pela mente de todos.

(A cada parada serão narradas ações. Será um caminho longo e digno para isso.)
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeSáb Jun 15, 2013 11:05 pm

(As ações decorrentes agora serão uma continuação detalhada de sua missão.)

30 minutos...

Como cavalos geralmente são extremamente rápidos (atingem mais de 70 km/h), d'Akins e seus companheiros estão em pleno matagal, local pelas quais nenhuma cidade, nenhuma aldeia, nenhuma fazenda ocupada podem ser vistos. A distância até Pliska aparenta ser um enorme espaço por agora, provavelmente 21 quilômetros, e os morros se multiplicam sem igual. Existem pequenas montanhas locais que se elevam a 140 metros, outros morros com altitudes menores de apenas quarenta metros mas, como regra da vegetação, as cores de tons verdejantes permanecem, com muitas flores. O capim é alto, talvez 2-2,5 metros. Esta altura é suficiente para encobrí-los sem que sejam percebidos por outras pessoas mesmo que d'Akins, Korrr e seus acompanhantes, todos possuam acima dos dois metros. A maior parte do gramado alto parece ser formada por simples agrupamentos de plantas pouco distantes entre si com o solo ao redor completamente encoberto por uma fina, mas muito escorregadia, camada de líquem esverdeado-esbranquiçado. Sim, estes seres vivos estão situados em rochas expostas.

Fora as rochas distribuídas sem padrão algum, fora os capins altíssimos e fora as plantas alheias como arbustos e pequenas árvores, o solo em si apresenta-se não muito plano, mas não tão acidentado. Existem sim desvios repentinos, porém tais acidentes geográficos podem muito bem ser passados pela caravana sem riscos de acidentes. Quando passam, uma enorme quantidade de borboletas e insetos quaisquer voam para todos os lados. E isso indica a riqueza da fauna embebida àquela flora básica, mas importante. 

Pequeníssimos córregos d'água com não mais de um metro em expessura são presentes aos montes. Estes canais de água aparentemente são responsáveis pela irrigação contínua da paisagem ao redor. 

Outra característica é o clima. Embora o Sol por agora esteja extremamente baixo pelo horizonte e seus raios mal cheguem à superfície, a Lua está presente, e em sua fase cheia, ou mais brilhante, indicando ser possível viajar até mesmo durante condições noturnas graças à sua luz. As nuvens nos céus estão distribuídas tão dispersamente que, de fato, as possibilidades de chuva pelos campos são extremamente remotas. Porém deve estar, sim, chovendo muito pelas florestas: a maior camada delas se localiza por lá e está bastante escura. 

Quanto aos ventos, estão relativamente frios graças ao horário e sopram com intensidades ligeiramente maiores, dando aos participantes da viagem uma sensação de... Calafrios, às vezes temperaturas mais geladas, mas nada que seja insuportável. A velocidade deles por hora aumenta, por hora diminui; os ventos até mesmo cessam completamente hora ou outra apenas para retornarem ainda mais intensos.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeSáb Jun 15, 2013 11:07 pm

Pela maior parte dos primeiros 30 minutos de viagem, a caravana composta pelos colegas de d'Akins costumou ir à frente, com ela e Korrr um pouco mais para trás à procura de quaisquer ameaças pelos primeiros trechos da travessia. Como nada havia sido encontrado (por hora!), decidiram dar uma pequenina parada por aquela região e tomar um descanso, estavam todos realmente exaustos. Trinta minutos seguidos sentada em um cavalo era torturante. Suas pernas e traseiro já doíam. Precisava d'Akins caminhar por ali mesmo, acender uma fogueira para que passassem ao menos uma hora descansando e, depois, retornariam com o trajeto. Mais importante de tudo era a localização repleta de árvores e arbustos capazes de encobrí-los. Estariam bastante seguros meio àquela grande massa de vegetação e ela sabia muito bem disso.
Todos, em um só pique, paravam os cavalos ali mesmo. Prendiam-nos nas árvores mais resistentes e desciam rapidamente. Boris e Borislav, os mais destemidos do grupinho que os acompanha, vão à procura de lenha para acender uma fogueira. O restante preferiu se concentrar por ali mesmo, estendendo panos pelo chão menos repleto de vegetação e se acomodando da maneira que conseguiam. d'Akins e Korrr, caminhando até uma zona não tão distante mas com menos vegetação, observavam um pouco o pôr-do-Sol por detrás das nuvens. Era sim uma visão assombrosa, inspiradora. Ficava ela pensando se existiam mesmo todos aqueles seres míticos pelas quais sempre ouvia falar.

Não tão distante, Vladimir e Stanka, dois amigos, procuravam algumas folhas para que ficassem um pouco mais aquecidos. Seria fundamental não passar frio, já que a sensação de frio poderia ser problemática graças aos ventos mais gelados daquele momento. Até que era fácil encontrá-las: pegavam quaisquer folhas compridas o suficiente para enrolar-se durante aquela pequeníssima estadia. 
Braminir e Desislav, os mais "achistas" do grupo, preferiam não optar por aquecimento algum: diziam ser capazes de suportar qualquer temperatura, mesmo o frio intenso do inverno. Eles simplesmente se sentavam próximos ao local pelas quais o acampamento era levantado e aguardavam. Estavam com dores nos braços... Pois precisaram controlar muito bem controlado o ritmo da corrida dos seus respectivos cavalos e aquilo era cansativo demais. 

d'Akins logo retornada à luz da Lua cheia e via toda aquela situação pacífica. Sorria para eles, Korrr conversava algumas coisas para por o assunto em dia. Ao sentar-se, percebia ela que havia sentado em uma camada de plantas escorregadias, mas não ligava. Queria, mesmo, era descansar, esticar as pernas, cessar as dores. Espreguiçava para fazer um pouco de exercício aos braços.
Korrr realizava a mesmíssima coisa. Tratava de se cuidar, porque sabia que a viagem seria continuada em muito pouco tempo. Após a fogueira ser finalmente formada, todos se reuniam ao redor da mesma e, como sempre, começavam a contar histórias uns aos outros. As histórias geralmente eram míticas e de terror, mas inspiravam d'Akins a saber se aquelas criaturas todas DE FATO existiam ou se eram mera parte da cultura do país pelas quais eles viviam...
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeDom Jun 16, 2013 11:05 pm

Conforme o dia se torna noite, várias coisas ao redor da pequena caravana mudam sem que seus membros claramente possam perceber. E naqueles primeiros minutos de noite, a maior mudança está nos animais ao redor. São insetos extremamente barulhentos, mas no quesito altura, não realizam sons extremamente altos. Parecem estar apenas "chamando" uns aos outros, o que, de fato, não atrapalha as histórias contadas entre d'Akins, Korrr e seus colegas. As plantas conferem sentimentos de ar puro, que, até mesmo em Pliska era muito bem sentido. E um ar fresco passava a percorrer as proximidades, ar provavelmente vindo diretamente das zonas florestais mais adiante. A única explicação viável para estarem mais frescos é: está chovendo acima das árvores da floresta. O ar humido conferia baixas de temperatura que eram sentidas por dezenas de quilômetros em todas as direções, até mesmo sobre o Mar Negro e por áreas consideradas muito quentes durante aqueles dias de verão. Mas nada de especial é esperado a acontecer tão cedo durante a jornada. Isso porque eles não chegaram a atingir os lugares de maior cuidado.

A aparição contínua e lenta da Lua pelos céus, embora esconda grande parte das estrelas graças à iluminação sem igual, pelo menos possibilita viajar durante a noite sem se perder. E é Lua CHEIA - a melhor fase para quem deseja se aventurar longe do calor diurno. 

É certo que precisarão parar a cada uma ou duas horas pelo menos; as paradas serão essenciais para descansarem e deixar seus animais descansados o suficiente para serem capazes de seguir viagem sem problemas. Hora ou outra claro, vão precisar descansar por quatro horas ou mais - talvez para dormirem um pouco - e reporem suas energias antes que comecem a sofrer as consequências do não dormir por muito tempo. Todos precisam dormir. E a caravana, por mais que não seja composta por humanos, não é excessão.

Fora os insetos, ouve-se as águas dos córregos próximos correndo pelas rochas. 

Ouve-se também sons parecidos com corujas, embora os animais responsáveis por eles não possam ser visivelmente identificados graças à parte daquele dia: noite.

Sons pelas proximidades, pelo menos de pequenos animais cujas identidades não podem ser descritas graças ao alto gramado são escutados por todas as proximidades, mas, com certeza absoluta, não são predadores famintos a procura do que comer. São apenas seres não maiores do que ratos talvez, prováveis porcos-espinho ou algo do gênero, animais de longe familiarizados à movimentação humana, ou não, por aquele trajeto. Por hora as coisas permanecem calmas e não se alterarão tão cedo.
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeDom Jun 16, 2013 11:08 pm

Após pelo menos 20 minutos descansando e contando várias histórias, até mesmo rindo e se divertindo ao redor do calor provindo pela fogueira, era hora de partir. d'Akins, antes que pudesse apagar a fogueira, certificava-se de que todos estavam bem e preparados para continuarem aquela longa e cansativa viagem, especialmente seu marido, Korrr, e todos os amigos mais próximos como Vladimir e Stanka. Provavelmente estavam sim todos muito bem preparados, então ela, sem maiores esforços, apagava aquela tão preciosa fonte de iluminação e retornava à sua égua. Montava em suas costas rápido, não parecia ter dificuldades quanto a isso. Korrr seguia logo depois, seguido pelos colegas e, em pouquíssimos segundos, lá estavam todos preparados mais uma vez.
Porém, para maior segurança, decidiram continuar a jornada bem próximos uns aos outros - até porque - era claro - as dificuldades, pelo caminho, apenas iriam piorando. Saíram em disparada mais uma vez, estavam em direção ao Leste provavelmente, mas independente da direção, d'Akins SABIA onde encontrar o Mar Negro e seus estreitos em direção ao Mar Mediterrâneo porque já esteve lá por pelo menos algumas boas vezes. Conforme ganhava velocidade, ela percebia que o ar ao redor retornava ao estado mais frio. Mas por estar trajando uma armadura, ela pouco sentia. Sentia apenas no rosto, descoberto, sem seu capacete - que estava preso num dos lados da cela sobre as costas da égua, que ela mesma estava sentada.

Era claro que todos conversavam sempre quando podiam. Batiam um papo bastante longo sobre suas vidas até agora e o que esperavam do futuro daquele país, ou até mesmo do futuro de suas respectivas famílias mesmo que a grandessíssima maioria dos presentes não fosse casada. 
Desprocupada, d'Akins parecia conversar naturalmente com todos. Não fazia diferenças entre amigos. Para ela, eram todos iguais e conferiam os mesmos ideais. Conversava basicamente a respeito das dificuldades da viagem. Ia dizendo, conforme passeava pelas planícies abertas da Bulgárias repletas de altíssimas gramas:


- [...] E, az ne vyarvam , che ima mitichni sŭshtestva.
(- [...] Pois não acredito que existam criaturas míticas.)

- No ne vyarvam, ne ni ostavyat imunizirani sreshtu nego, nali? - Um duvidoso Desislav subitamente levantava a questão aos demais.
(- Mas o não crer não nos deixa imunes a elas, correto?)

- Pravilno! Togava d' Akins, vse oshte mislya, che sa imunizirani sreshtu opasnostite, porodeni ot tyakh? - dizia Vladimir, um pouco receoso.
(- Correto! Então d'Akins, ainda acha que estamos imunes aos perigos impostos por eles?)

- Ne - Pensava d'Akins por alguns instantes. - No tryabva da priznaya, che az sŭm siguren v tova, Vladimir.
(- Não - Porém preciso confessar que estou segura quanto a isso, Vladimir.)

Não era possível perceber muitas coisas ao redor, mas, como conhecia o caminho perfeitamente, parecia improvável que sofreriam algum tipo de acidente fatal, ou mesmo leve. Os cavalos eram muito rápidos - podiam ser considerados mais rápidos que quaisquer outros meios de locomoção existentes em toda Pliska e maior parte das cidades Búlgaras - então estava ciente d'Akins de que podia fazer quase o que bem quisesse com eles. Chegariam em poucas horas ao sopé da floresta, assim esperava.
Korrr, calmo, conversava algumas coisas com o restante da caravana; era a primeira vez que estava extremamente solto para com outras pessoas, sentia segurança com elas. Ao mesmo tempo, parecia prestar atenção aos elementos da paisagem passantes e, mesmo não conseguindo observar exatamente o que ocorria, d'Akins escutava suas conversas. Não sorria - porém, mentalmente, estava tranquila pelo fato dele estar se familiarizando com seus amigos...
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MensagemAssunto: Re: Campos    Campos          Icon_minitimeSeg Jun 17, 2013 11:15 pm

1 hora e meia

Por dentre dúvidas e questionamentos entre os participantes da viagem, a paisagem já quase imperceptível graças à noite passa muito rápido. Já cruzaram riachos, várias partes das planícies pelas quais árvores tortuosas perigosas se localizavam, já passaram mesmo por algumas aldeias abandonadas sem se darem conta de suas existências. Também aquilo tudo era esperado, não teriam tempo para perder com aspectos alheios. Eles não estavam realizando um mero passeio, era muito mais do que isso. Uma hora e meia dentro do trajeto planejado, estão a 29 quilômetros da cidade de Pliska (pode-se por 30), 21 ou 20 quilômetros das florestas e adicionais trinta ou quarenta quilômetros das áres praianas que compõe o Mar Negro. Àquela altura, entretanto, um deslizamento de terra havia, sim, ocorrido apenas alguns dias atrás graças ao mau tempo, efetivamente bloqueando aquele percurso. Uma imensa quantidade de entulho misturado às árvores menores que caíram dos morros ao lado se faz presente. Mas, embora a perturbação toda venha a obrigá-los a caminhar, outras opções de continuidade se mostrarão não tão distantes.

A zona é também interessante por ser um leito de rio naturalmente drenado vários milhares de anos atrás - por uma seca não usual - matando a maioria da população tanto animal como vegetal originalmente residente por aqui. É claro que o ecossistema teve uma boa recuperação, mas nenhuma árvore muito alta desde então passou a germinar. Então, a paisagem pode ser descrita como a mesma de sempre - exceto pela ausência dos espinheiros e flores.

Há um aumento dramático na quantidade do gramado, e a altura dele é ainda maior, 3,5 ou até mesmo 4,0 metros. Diz-se que a região contém o capim mais alto encontrado por toda a Bulgária, essencial para esconderijos em casos de invasões e ataques-surpresa a quaisquer um que estiverem passando.

Porém, a calmaria, embora muito suspeita, não é alto a se preocupar. Muito longe de um centro urbano, o que domina é a natureza. Sem movimentações nem falações. Sem as tão brilhantes luzes noturnas conferidas pelos lampeões e lamparinas acesas. O que governa a iluminação é apenas a Lua. E mais nada, para não dizer as eventuais fogueiras feitas por viajantes noturnos.

Um vento mais "violento", provindo diretamente do Mar Negro, já bate nos rostos deles.
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